19 de setembro de 2013

Família alega que homem está preso "por engano"

Da janela da casa em que mora, em São Marcos, a auxiliar administrativa Lorena Silva Machado, 20 anos, consegue avistar o Complexo Penitenciário da Mata Escura, onde o pai dela, o comerciante Flávio Silva Santos, 42, se encontra.
Preso há 80 dias, Flávio, que é hipertenso e diabético, foi transferido da carceragem do Complexo dos Barris, último dia 3, para a Cadeia Pública.
Ele foi detido  no Instituto Pedro Melo, quando tentava tirar a  segunda via da carteira de identidade, perdida em 2006. Ele não tinha registrado ocorrência da perda.
Segundo a família, a prisão foi "injusta" e um "erro" da Polícia Civil, com "consentimento" do Ministério Público do Estado (MP-BA) e Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA).
O problema é que existiam dois mandados de prisão, um deles expedido pelo juiz Cássio José Barbosa Miranda, da 1ª Vara do Júri, em aberto no nome de Flávio desde 2007, por crimes que, segundo a família, ele alega ser inocente. Flávio já era considerado foragido.
Inquérito - O nome dele consta em um inquérito policial que remonta ao ano de 2007, quando o extinto Grupo Especial de Repressão a Crimes de Extermínio (Gerce) da Polícia Civil investigava a atuação de uma quadrilha responsável por mortes e tráfico de drogas. A gangue era chefiada por um criminoso identificado como João Teixeira Leal, o Jão, que atuava em Pirajá, Marechal Rondon, Alto do Cabrito e Parque São Bartolomeu.
Um dos mandados de prisão de Flávio Silva Santos foi pedido pela delegada Luciana Cortes dos Anjos, que atualmente está na Corregedoria-Geral da Secretaria da Segurança Pública (SSP).
De acordo com o advogado de defesa de Flávio, Rodrigo Simões, de "alguma maneira" o delegado que estava no caso teria destacado no inquérito que por meio de incursões policiais concluiu que os dados da identidade de Flávio seriam de um dos integrantes do grupo, de vulgo Bimba.
"Queremos saber como o delegado fez essa associação", diz o advogado.
Ainda em 2007, Flávio teria sido conduzido à 1ª Delegacia Territorial  (1ª DT - Barris), após tentar tirar a segunda via da carteira de identidade. Mas teria sido liberado  por um delegado porque as testemunhas não o teriam reconhecido.
"Olho todos os dias para o presídio e dói o coração", lamenta a filha de Flávio, que mora com a mãe, Luciana.